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Desde que a pandemia do COVID-19 virou uma realidade, todos nós tivemos que enfrentar uma nova realidade e nos adaptarmos a diferentes tipos de cuidados e precauções para nos mantermos seguros e manter a segurança do próximo também.
Nos condomínios, e para o síndico, isso não foi diferente. Logo que as restrições de aglomerações começaram a valer e a pandemia virou algo das nossas rotinas, os condomínios tiveram que restringir o acesso aos locais de grande circulação e às áreas de convívio comum entre os condôminos.
Salões de festa, espaços fitness, brinquedotecas e playgrounds, piscinas, e até mesmo as áreas verdes precisaram ou serem fechadas ou ganharam limitações de pessoas por espaço.
O problema é que as medidas não se limitaram apenas a isso. O síndico precisou enfrentar outras batalhas para vencer a disseminação do vírus, que incluíam uma das partes mais difíceis de qualquer condomínio: as normas de convivência.
Sim, já não bastava mais apenas fechar espaços e manter as pessoas dentro de suas unidades. Todos de alguma forma iriam se encontrar e conviver em algum momento nas áreas de circulação do condomínio. A pandemia mostrou que era preciso mais do que isolamento, era preciso tomar cuidados de higiene e de convívio que seriam protocolos importantes para a saúde de todos.
As medidas mais difíceis de serem adotadas e respeitadas
Em tempos normais, o respeito às normas de convivência já é algo complicado e que demanda uma grande atenção do síndico. Agora imagine, quando além de tudo que precisamos tomar cuidado em um condomínio, precisarmos ainda adicionar novas regras, que precisam ser seguidas e que ninguém estava acostumado?
Já são mais de 200 dias de pandemia, e mesmo assim essas medidas ainda não estão totalmente internalizadas por todos. Em alguns casos, as novas normas, tem causado mais brigas e discussões do que antigamente.
Porém, com calma, paciência, respeito e conscientização é possível controlarmos o vírus e ainda evoluirmos na questão do respeito ao próximo e da empatia para com a vida do outro.
Algumas das maiores dificuldades encontradas pelos síndicos são:
Utilização de máscaras por moradores
A orientação da OMS, do Ministério da Saúde e dos órgãos estaduais de saúde é o uso de máscaras de proteção facial para a população em geral. Trata-se de medida de saúde pública adicional ao distanciamento social, ajudando a reduzir o risco de contaminação e disseminação do novo coronavírus.
Desta forma, é recomendável que todos os moradores utilizem máscaras, sobretudo em elevadores e áreas comuns, não somente pelo risco de multa que já existe em alguns condomínios, mas por uma questão de promoção e responsabilidade em relação à saúde pública e, sobretudo, para evitar disseminação do novo coronavírus dentro do condomínio.
A máscara ajuda a diminuir e muito os riscos de contaminação, e o ideal é que ela seja usadas sempre que estivermos fora da nossa unidade. O problema começa, porque para muitos, o condomínio é uma extensão da sua casa. E como estamos mais acostumados a usar a máscara apenas fora de casa, lembrar de colocá-la no condomínio pode ser mais difícil.
Para colocar o lixo, buscar entregas, usar o elevador ou até mesmo as escadas, na garagem ou para qualquer outra atividade em áreas de circulação, a máscara precisa ser usada.
Bom senso, diálogo e orientação serão sempre as melhores ferramentas para exigir o uso das máscaras. Entretanto, diante do reiterado descumprimento das regras internas, poderão ser aplicadas penalidades como advertências e multas.
Realização de Assembleias
Se a recomendação é de se evitar qualquer tipo de aglomeração, já que o novo coronavírus é altamente contagioso e pode ser fatal para o grupo de risco, como ficam as assembleias?
No começo da pandemia elas foram massivamente canceladas e deixaram muitos síndicos, condôminos e administradoras de cabelo em pé.
Segundo Catarina Anderáos, do SíndicoNet, também chamada de assembleia virtual, a Assembleia Digital é uma reunião em que condôminos participam e deliberam em ambiente virtual, pela internet.
Pode ser realizada pelo site ou aplicativo do condomínio, por software ou app da administradora, ou por meio de ferramentas de vídeoconferência, como Zoom, Webex e Hangouts.
Todos os atos são seguidos à risca, conforme manda o figurino, só que em ambiente digital:
- convocação (art. 1.354 do Código Civil)
- uso de procuração
- assinatura de lista de presença, com recurso que assegure a fidelidade de quem participa, como certificado digital, autenticação de IP, sistema criptografado
- eleição de presidente
- secretário
- deliberação dos itens da pauta, com votações.
Depois há expedição, registro em cartório e distribuição da ata aos condôminos. Com um detalhe importante: a assembleia digital fica gravada. Com protocolo similar ao da presencial, a reunião online deve cumprir algumas regras para não correr o risco de perder a sua validade. Garantir a participação de todos é uma delas.
Utilização de áreas comuns
O fechamento das áreas comuns do condomínio foi, com certeza, uma das medidas mais impopulares para todos os síndicos. Como já falamos aqui, para muitos, o condomínio é uma extensão da sua casa, e ficar isolado em sua unidade não faria sentido para alguns moradores.
Logo no começo, muitos gostariam de utilizar a academia do prédio, já que as comerciais estavam fechadas. Com as crianças sem escola, deixar que usassem o playground, as salas de jogos, as brinquedotecas poderiam ser uma forma de fazer com que elas ficassem menos estressadas, no entanto, todas essas áreas precisaram ser fechadas. Bem como os salões de festas e churrasqueiras, que com a proibição de aglomerações não fariam sentido nenhum em estarem abertos.
Para alguns moradores que ainda não haviam aceitado as novas condições, tudo isso poderia soar como exagero ou até mesmo com uma privação dos seus direitos, uma vez que pagam pela manutenção destas áreas e não podem utilizar.
Com a diminuição do contágio e as novas liberações dos governos, os síndicos começaram a ser pressionados para realizar essas liberações também nos condomínios.
O problema aqui é duplo: além do síndico precisar entender muito bem a aplicar com total rigor as regras para flexibilizar o uso, como normas de higiene e limpeza, limitação de ocupação dos espaços e distanciamento social; precisa também conscientizar os moradores que a pandemia ainda está por aí, e que não é possível fazer aglomerações, nem tão pouco descuidar da higienização das mãos, do uso de máscara ou de manter o distanciamento social.
As dificuldades devem nos acompanhar por algum tempo
Além dessas medidas citadas, outras também tem sido muito comentadas por síndicos como momentos difíceis durante os últimos meses.
Controlar as obras em unidades é uma delas, uma vez que as pessoas precisaram passar mais tempo em casa, a vontade de realizar obras aumentou. Todos nós entendemos que já que estamos mais dentro de casa, é normal querer deixar ela cada vez mais confortável ou harmoniosa. O problema é que com isso aumentaram também as reclamações sobre barulho, entra e sai de prestadores de serviços e até mesmo desrespeito dos horários de silêncio.
Um outro entrave para o síndico durante a pandemia, foi lidar com condôminos infectados. Conscientizar que essa é uma informação que precisa ser compartilhada e ao mesmo tempo respeitar a privacidade dos moradores é uma linha tênue. Em alguns casos, o síndico ainda teve que lidar com os infectados que não respeitavam a quarentena, e também com os fiscais dos moradores infectados, o que causou muita briga e discussão em alguns condomínios.
Alguns síndicos ainda mencionam dificuldades em aplicar as norma de silêncio e problemas com proprietários que alugam as unidades em aplicativos ou por temporada.